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domingo, 1 de maio de 2011

Especial: 20 anos na pré-história com a “Família Dinossauro”

Especial: 20 anos na pré-história com a “Família Dinossauro”

A Disney ainda é conhecida por trazer temas adultos ao público infantil. A morte da mãe do Bambi e do pai do Simba (em “Rei Leão”) são exemplos típicos das superações humanas que, delicadamente, foram expostas às crianças do mundo todo.
Mas e quanto às situações cotidianas? Até o ano de 1991, não havia nenhum seriado que abordasse o dia a dia dos adultos de forma caricata o bastante para que os pequenos pudessem se identificar. Foi com essa mentalidade pioneira que a empresa do Mickey Mouse se uniu ao estúdio de Jim Henson (“Os Muppets”) para dar luz à “Família Dinossauro”, o “Seinfeld” jurássico.
O Jim Henson’s Studios ficou encarregado de criar os cenários, bonecos e fantasias que serviam para criar a atmosfera exótica da série. Atores se vestiriam como dinossauros em uma espécie de sociedade contemporânea na pré-história, similar aos “Flintstones”. A grande diferença é que, aqui, eram os poderosos répteis que possuíam uma inteligência apurada e os seres humanos que não passavam de animais irracionais.
Nesse ambiente, os telespectadores tiveram o prazer de acompanhar a vida da família Silva Sauro (“Sinclair”, no original). A casa era habitada por um casal de meia idade, um filho adolescente, uma filha pré-adolescente, um bebê e uma idosa – todos os arquétipos necessários para conquistar uma audiência de todas as idades.

Relembrando os “da Silva Sauro”
Dino da Silva Sauro era um megalossauro e o patriarca da família. Com 43 anos de idade, ele era o responsável por tomar as decisões mais importantes e trazer comida para a mesa todos os dias. Com tantas preocupações nas costas, era normal que por vez ou outra tratasse seus “filhotes” de maneira errada quando estava com a cabeça quente, ou até que desse um ou outro conselho inoportuno. Mas a verdade é que o grandalhão sempre demonstrou muito amor com todos de sua família.
Algo importante a ressaltar era o seu emprego: Dino era um lenhador de uma megacorporação chamada WESAYSO (que em inglês soa algo como “nós quem dissemos”). O último e polêmico episódio teve envolvimento tanto da empresa quanto de Dino, mas chegaremos a isso mais tarde…


Fran da Silva Sauro, da espécie dos alossauros, era uma típica dona de casa dedicada. Seus desejos eram os das mulheres de classe média estadunidenses da década de 1990. Como passava o dia inteiro entre quatro paredes, trabalhando para manter o lar em ordem. Ela gostaria de receber o valor merecido e que sua família convivesse com mais frequência e harmonia.


Boby da Silva Sauro, um hipsilofodonte, é o primogênito. Com 15 anos de idade e atitudes rebeldes, mas muito astuto, Boby era o típico jovem que desafiava a tudo e a todos quando colocava uma causa em sua cabeça. Mesmo com tanto potencial, vez ou outra o jovem caía nas tentações estudantis. Dentre as mais memoráveis está o episódio em que ele se tornou um viciado em esteroides por influência de uma amizade inconveniente.


Charlene da Silva Sauro era uma protocerátopes de 13 anos. Boa parte de seus interesses e preocupações estavam diretamente relacionados à sua vida estudantil. Apesar de constantes recaídas de materialismo – além de invejar a liberdade de seu irmão mais velho e o mimo recebido pelo irmão mais novo – Charlene mostrou que dava valor à sua família em muitas ocasiões.


Baby da Silva Sauro é um pequeno megalossauro, que eclode de seu ovo no primeiro episódio da série. Acompanhado da avó, sua função na maior parte dos capítulos é o alívio cômico – ele nos ajudava a lembrar que o principal intuito da “Família Dinossauro” é nos fazer rir e não filosofar ou chorar.
Apesar de ter apreço por todos os seus parentes, o bebê faz questão de declarar seu amor à mãe constantemente, mas inferniza a vida do pai ao se negar em compartilhar o sentimento. Pelo contrário, ele tinha o péssimo costume de bater na cabeça de Dino com qualquer objetivo que estivesse sob seu alcance e o chamava apenas de “não é a mamãe”. A frase marcou tanto a década de 1990 aqui no Brasil que foi responsável pela venda de centenas de seus bonecos.
Uma curiosidade que vale ressaltar é que em um certo episódio da segunda temporada, os Silva Sauro descobrem através de um teste de DNA que Baby não era seu filho biológico, pois a criança foi acidentalmente trocada com o filhote oficial de outro casal no hospital. Mesmo assim, Dino e Fran decidem continuar com a criação do bebê como se fosse o deles.

Zilda Phillips era uma edmontonia viúva de 72 anos e mãe de Fran. Seu objetivo em vida era, declaradamente, tornar a vida de Dino sofrida e miserável (afinal, ela é uma sogra).
A “vovó” se tornou um membro fixo da série apenas no episódio “Hurling Day”, em que se muda para a casa dos Silva Sauro por apelo de sua filha e de seu neto Boby. Com o tempo, suas atitudes grosseiras com o genro se tornam mais amenas, principalmente após passar por uma experiência de quase-morte, em que o espírito de seu falecido marido avisa que no “outro lado” todos os dinossauros são bem parecidos com Dino. Sendo assim, ela começa a tratá-lo melhor para já ir se acostumando com a convivência.
Para fazer chorar
A série tratou de muitos assuntos polêmicos – como racismo, drogas, sexo e homossexualismo – mas nada deu mais o que falar do que seu último episódio, “Mudança na Natureza”.
Nele, a WESAYSO tenta resolver um impasse entre seus empregados e os besouros que moram na floresta em que a empresa construiu uma enorme fábrica de cera. Sem condições de sobrevivência, os insetos abandonam o local, o que cria um novo problema: sem eles para controlar o crescimento das plantas que comiam, elas começaram a se espalhar por todos os cantos em uma velocidade incrível. Para solucionar o problema, Dino sugere ao seu chefe que eles espalhem desfolhantes na atmosfera – o problema é que não foram apenas as plantas da fábrica que morreram com essa ação, mas todas do mundo inteiro.
Em um surto de poder, o chefe de Dino acredita que, com as chuvas, as plantas voltariam a atormentá-los. Ele então decide bombardear os vulcões do planeta para levantar uma nuvem de cinzas, que supostamente impediria que chovesse por mais algum tempo. O problema é que as nuvens tamparam os céus com tanta eficácia que acabaram trazendo a Era Glacial, período que, de acordo com alguns cientistas, foi o responsável pela morte de todos os dinossauros.
A última cena do episódio mostra a família Silva Sauro aflita, confinada dentro de casa e conformada com o futuro que lhes esperava: apesar de não falarem propriamente, sem comida e com gelo cobrindo todo o planeta, eles não sobreviveriam por muito mais tempo. Nessa melancolia toda, Dino se desculpa com sua família por ter participado disso tudo.
Houve um compreensivo furor da mídia e do público por esse fim triste e polêmico. O argumento que prevalecia nas discussões era que “tratar de assuntos adultos com crianças é uma coisa, mas privá-las de um possível final feliz é um exagero”.
Não importa em que lado da discussão você esteja, tenho certeza de que a “Família Dinossauro” esteve presente em muitos dias de sua vida. No mínimo, todos temos que concordar que foi algo louvável criar um seriado tão corajoso, principalmente vindo de um estúdio tão tradicional quanto a Walt Disney.
Parabéns, família Silva Sauro, por nos trazer os melhores 20 anos da idade da pedra lascada na TV!

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